segunda-feira, março 05, 2007

Trocando em miúdos

Falta tempo, falta espaço e às vezes, falta vontade mesmo pra absorver a enorme quantidade de informação que trafega por aí. Da mesma forma que em um gigantesco buffet de self-service, muitas vezes, ficamos perdidos com o tanto de conteúdo gerado, seja na TV, nas revistas e principalmente na Internet, onde o caráter interativo da nova web faz com que esse conteúdo seja produzido tanto pela mídia quanto pelo usuário.

É tanta informação que fica difícil filtrar tudo isso, que dirá se aprofundar em algum tema. Talvez seja por isso que Snack Culture é uma tendência que já virou um estilo de vida, não apenas para os neuróticos por internet, mas também para os consumidores em geral.

Na prática isso representa uma forma de consumir tudo em pequenas quantidades, nesse caso, não apenas produtos, mas principalmente notícias, cultura e entretenimento. E isso de uma forma quase desenfreada, das manchetes dos jornais que lemos rapidamente, até o "zapear" do controle remoto da TV.

Uma solução para o problema trazido pelo excesso de informação em comparação ao tempo disponível, que trouxe a necessidade de tudo ser resumido, sintetizado para que se pudesse consumir a maior quantidade possível de conteúdo e cultura.

Apenas mais uma conseqüência do pós-modernismo, em que um indivíduo fragmentado e sem identidade, dissociado de seu passado e duvidoso quanto ao seu futuro é jogado em uma corrente de informações, sem muito referencial para separar o que é bom do que não é, e se vê obrigado e consumir tudo desordenadamente na busca do seu centro.

Se por um lado, ela permite que se conheça um pouco o assunto antes de perder tempo e energia se aprofundando em coisas inúteis e realmente se focar no que interessa, por outro, pode ser apenas uma forma mais enfeitada de nomear uma forma superficial de ver as coisas.

Cabe a cada um escolher a melhor opção no cardápio que lhe é oferecido e decidir o seu jeito de consumi-lo.


Quer saber mais?
Snack Attack! | Wired
Snack Culture. Aceita? | Update or Die
Pós-modernismo | Wikipédia
Identidades culturais na pós-modernidade | BOCC

2 comentários:

Felipe Quaglietta disse...

Há algumas dezenas (talvez centenas) de anos, os médicos tratavam de todo tipo de doença. Não importava se você tinha uma dor de cabeça ou um problema renal: você se dirigia ao mesmo profissional, e esse lhe daria o diagnóstico e a solução para a seu problema. Com o o aumento gradativo das informações médicas, rapidamente não mais foi possível que um único profissional possuísse todos os dados para tratar de todas as doenças. A medicina foi segmentada. Oncologistas, dermatologistas, pneumologistas. Cada profissional agora se especializava no tratamento de uma área específica do corpo humano.


Por que houve tal segmentação? Ora, essa era a única forma de existir um tratamento eficiente para o problema do paciente. Era preciso alguém que entendesse a fundo sua situação, para só assim poder ajudá-lo. Alguém que entendesse um pouco de cada doença não seria capaz de lidar com a complexidade que é um câncer, por exemplo.


Parece que voltamos ao “saber um pouco de tudo”. Com a Snack Culture, voltamos a absorver um pouquinho de cada coisa, na esperança de assim sabermos mais, termos mais informação e conteúdo.


O problema é que informação e conteúdo são coisas infinitamente distantes. Conteúdo é ler, estudar e compreender algo o mais profundamente possível. Informação é dar aquela passadinha rápida semanal na Folha Online.


Temos que ter em mente que saber das coisas não é conhecer as coisas. Ouvir falar sobre aquecimento global não é ENTENDER o que é o aquecimento global, nem tampouco entender como combatê-lo ou como nos prepararmos para seus efeitos. Saber sobre a Web 2.0 não é compreender o que é a Web 2.0, nem mesmo vivenciá-la e enxergar em que aspecto ela é ou não benéfica para uma vida online mais interativa e útil.


Conteúdo é essencial. Informação, também.A verdade é que devemos nos especializar em alguma coisa, algo que nos agrade, algo que nos seja útil. Utilizemos então o excesso de informação para mantermos essa especialização, esse conteúdo, constantemente atualizado. Pode parecer um pensamento um tanto quanto radical, mas a verdade é que ninguém consegue saber de tudo, mesmo que queira. Ou abraçamos uma causa e apenas nos informamos sobre todo o resto, ou seremos eternamente um médico “sabe-tudo” tentando curar a AIDS.

Dani disse...

Sem muitos comentários... só pra dizer que eu adorei a matéria. Eu particularmente acho isso bem bacana, porque você acaba se aprofundando naquilo que te interessa, mas também tem a "oportunidade" (não é bem essa palavra, mas fica essa) de saber sobre outras coisas que estão a sua volta. Boa sorte no blog de vcs! Curti! bjs