
“A maior tendência atualmente é a de se identificar novas tendências.”
Essa foi uma das palavras ditas na terça-feira, dia 27 de março, no Café Sociológico promovido e realizado pelo Observatório de Sinais, em São Paulo, cujo tema foi Macrotendências ou "Macromistificação"?.
Na reflexão realizada por Dario Caldas, Kathia Castilho (doutora em comunicação e semiótica, PUC-SP) e Sérgio Lage (mestre em sociologia do consumo, USP), falou-se sobre a confusão acerca do conceito macrotendência, que, por vezes, é utilizado para designar tendências de moda, ou ainda grandes tendências, banalizando e menosprezando a difícil tarefa dos profissionais de pesquisa. Esse é um dos sinais da esfera de superficialidade do “snack culture”, cuja instabilidade e constante transformação, na verdade, desafiam grandes marcas e agências de publicidade, que têm apostado no CGM como uma boa alternativa – apesar de também haver aqui certa confusão (aliás, esta foi uma questão bastante discutida no PRÓXXIMA 2007 e em quase todos os grandes blogues de comunicação – vale conferir aqui).
É importante para um profissional identificador de tendências (ou melhor, identificador de sinais), o mapeamento, a genealogia das tendências, pois o ponto de referência, ou o sentido, só aparecerá a partir do momento em que haja relação/junção dos sinais. Usando o mesmo exemplo do Caldas, é como naqueles livros infantis de desenho: o urso só ficará visível se os pontinhos forem ligados corretamente.
Não se deve confundir desejos com tendências. Quem aí deseja ter um Iphone? Pois é, eu também, mas não é por isso que se cria uma macrotendência de "vendas de Iphone".
Essa identificação de tendências exige método, ou seja, não há espaço para “achismo”: macrotendências funcionam sobre temporalidades longas, devem ser entendidas como fluxos (e não ciclos), são resultado de uma teia de significações e sua força se faz por meio de sua capacidade de contar uma história, de ser relevante.
Pode-se dizer também que macrotendência é a produção articulada entre a vida social e o mercado, é algo entre o real e o ideal, com conteúdo criativo. Preste atenção! Eu disse vida social. É o “paradoxo das conseqüências” de Weber: apesar da reclusão ser uma das características do fenômeno WLM, ORKUT, BLOGUES, MMORPGs e afins, quanto mais tendemos ao individualismo, mais precisamos de afeto.
Vivemos no momento das microrevoluções: think global, act local, por favor!
Comportamento fica para outro post.