domingo, março 11, 2007

Amor barato

Antigamente, o máximo de personalização que um consumidor podia ter em relação a um produto era escolher as cores dele, ou quem sabe, um ou outro acessório diferente. E então veio a Apple e transformou o que era uma tendência em realidade, com seus I-mac’s, I-pod’s e I-tunes. E assim, ela solidificou a sua filosofia de inspirar a criatividade e a singularidade de cada um.

Ela e outras marcas perceberam a necessidade das pessoas de se sentirem como indivíduos únicos. Desde então, muitas outras aderirem à tendência de incentivar os consumidores a interagirem com a marca. Primeiro com os produtos, depois com ações promocionais do tipo culturais até chegar a própria mídia. Hoje em dia, a participação do público chegou até a criação dos próprios comerciais das marcas. É o tal do CGM, CGC e outros “C” que têm ditado as últimas tendências de comunicação.

Mas até que ponto os consumidores são realmente são responsáveis por esse conteúdo e os tais “donos da festa”? Será que essa aparente boa-vontade das marcas não seria mais um dos artifícios marketeiros para trazer mais venda, dando aos clientes à falsa sensação de que eles são os principais criadores e responsáveis pelos produtos?

Por mais que a individualidade (?) seja um conceito up to date do marketing, as pessoas continuam consumindo, o que os poderosos querem que elas consumam” (1). Quando a Nike convida os consumidores a criarem seus próprios tênis, customizando os modelos através do NikeID, ela apenas muda a forma como os consumidores podem adquirir o produto. Ou quando a Dove dá a chance de “mulheres reais” participarem de seus comerciais, ela apenas muda os personagens de sua campanha em prol de um novo posicionamento.

Então, talvez essa necessidade de individualidade, ao mesmo tempo que é uma tendência real, também existe dentro de um limite. A participação do indivíduo no consumo talvez seja apenas uma sensação ilusória de liberdade criativa, visto que interagimos a partir de um modelo semipronto. E quando o fazemos também é baseado sobre um ponto-de-vista já influenciado por um pensamento produzido pela indústria de cultura e entretenimento.

Será que estamos mesmo no controle?

Quer saber mais?
(1) "O marketing pós-moderno" | Fred Tavares
How to crash the party | brandchannel.com
Brands and CGM | cgm

2 comentários:

Fabricio Teixeira disse...

A falsa sensação de estar no controle. Talvez reflexo da própria internet. Foi a internet que fez o consumidor se sentir forte o suficiente para GERAR, INTERFERIR e SER o conteúdo. Na minha humilde opinião, empresas que colocam o indivíduo dentro do que fazem estão não apenas seguindo uma forte tendência mundial, mas também abrindo os olhos para sua razão maior de existir: o consumidor.

Post no capricho ;-)

bu disse...

Estamos no controle, quando do lado de cá; É muito importante dar a abertura para quem é participante mais que ativo na roda, o consumidor. Mas sempre tudo baseado num modelo semi-pronto, afinal, os 'entendidos' aqui, somos nós.